Posts from maio, 2013

Sobre a Virada

 

                   Bell Gama

bell (bandeira do Brasil)

 

 

 

 

 

 

 

 

Sobre a Virada… não sei se a minha opinão sobre a Virada Cultural importa muito. Mas tô um pouco engasgada. Vou ao evento desde a primeira edição. Apoio toda e qualquer iniciativa que levante o centro de cidade — local que escolhi para viver. Tenho amigos queridos (guerreiros) que trabalham nessas iniciativas. Por outro lado, já trabalhei também em veículos de comunicação de massa e sei como são feitas as coberturas. Há também jornalistas amigos (guerreiros) no meio. Já fui pauteira. Mandam-se os repórteres para os hospitais, postos policiais… Publica-se a foto de um show e buscam-se dados. Em meio de comunicação de massa, a linha é simples e a ênfase nos dados da violência é explicada da seguinte maneira: conte as estatísticas, dê fatos. Estatísticas são simplistas. Contam-se acidentes, mortes, assaltos. Não se contabilizam sorrisos. É assim e ponto 

Por outro lado (e há sempre um outro lado), há a cobertura feita pelas redes sociais (que ninguém mencionou). Acompanhei durante o tempo todo a cobertura no Twitter e no Instagram através das hashtags. O que vi nas redes foi uma Virada Cultural de gente feliz e ocupando o centro. Quem acompanhou a Virada Cultural por aí, viu uma virada diferente do que está sendo noticiada.

Diante da discrepância de opiniões, a minha é a seguinte: não dá para resolver os problemas de uma metrópole na Virada Cultural. Quem anda pelo centro, sabe o perigo que corre e não é porque é Virada Cultural que os problemas simplesmente somem. E para mim, a Virada existe para isso. Para tirar pessoas como eu, meu pai e minha irmã de suas casas e observar de perto como o centro está e como pode ser. Claro, fiquei com muito medo em alguns momentos. Assim como vi cenas lindas, vi cenas tristes. Mas, sinceramente, sabia que seria assim. Sei a cidade que moro e ao ir a Virada descobri mais um pouco dela. Para mim, a Virada serve para pôr foco em algo que muita gente não vê (ou finge que não). Por isso, a Virada Cultural é de suma importância e não pode ser analisada de maneira simples. Acho injusto jogar nas costas da Virada as críticas de toda uma cidade. Por isso, em relação a Virada, os questionamentos válidos são:

A segurança do evento pode melhorar? Todo mundo sabe que sim. É fácil fazer a segurança de um evento de 4 milhões de pessoas que quase nunca têm acesso a cultura, shows gratuitos, transporte 24 horas? Não.

A programação foi boa? Para mim, foi o melhor de todas as edições. Eclética, de qualidade, para todos.

O transporte durante o evento funcionou? Para mim sim, mas acho que ainda faltam bolsões com opção de táxi.

Falta sinalização? Muita. E essa é uma das maiores falhas da Virada. É difícil se localizar, chegar no outro palco, achar o caminho mais próximo, encontrar opções de banheiro, restaurantes, alternativas. 

Crítica ao que é da Virada. Aproveite o resto que você conheceu, para questionar a sua cidade e seus próximos prefeitos.

 

Bell Gama

 

 

viradacultural 2013

 

 

 

O vendedor de papagaios

 

 

      Annibal Augusto Gama

ANNBAL~1

 

 

 

 

 

 

Os cofres da Prefeitura Municipal estavam vazios, porque os contribuintes não recolhiam os impostos. O dinheiro arrecadado mal dava para pagar o funcionalismo. O Prefeito convocou os fiscais, esbravejou, e ordenou-lhes que tratassem de cobrar os imposto de todo o mundo.

O vendedor de papagaios achava-se na Avenida, vendendo os seus: “Comprem o papagaio falador! Compre este que fala tudo, e é barato!” Os papagaios, no poleiro, mantinham-se calados e arrepiados. E veio vindo, sorrateiramente, um fiscal da Prefeitura, que agarrou o homem. “Cadê o alvará? Cadê o comprovante de pagamento de imposto?” O homem se encolheu, diante dos papagaios assustados. “Que alvará? Que imposto?” Mas, seguro pela manga da camisa, foi levado aos trancos para diante do Prefeito. “Aqui está um devedor relapso!” O Prefeito Municipal olhou o vendedor de papagaios, xingou e protestou: “É por causa de gente como você que a cidade não prospera! Gente que não paga imposto e não cumpre as suas obrigações!”

E mandou buscar o regulamento de impostos, que foi aberto sobre a sua mesa. Correu a ponta do dedão sobre a lista, folha por folha, e não achou nenhum imposto sobre venda de papagaios. Uma falha, uma omissão imperdoável… Como fazer?

Vai então, teve uma inspiração e bateu uma palmada na cabeça:

— Verdura não é verde? Alface, almeirão… Papagaio também não é verde? Cobre-se do sujeito o imposto sobre verduras!”

Assim, o vendedor de papagaios pagou o imposto sobre verduras e retornou para a Avenida a vender os seus papagaios.

 

vendedor de papagaio