Sobre a Virada

 

                   Bell Gama

bell (bandeira do Brasil)

 

 

 

 

 

 

 

 

Sobre a Virada… não sei se a minha opinão sobre a Virada Cultural importa muito. Mas tô um pouco engasgada. Vou ao evento desde a primeira edição. Apoio toda e qualquer iniciativa que levante o centro de cidade — local que escolhi para viver. Tenho amigos queridos (guerreiros) que trabalham nessas iniciativas. Por outro lado, já trabalhei também em veículos de comunicação de massa e sei como são feitas as coberturas. Há também jornalistas amigos (guerreiros) no meio. Já fui pauteira. Mandam-se os repórteres para os hospitais, postos policiais… Publica-se a foto de um show e buscam-se dados. Em meio de comunicação de massa, a linha é simples e a ênfase nos dados da violência é explicada da seguinte maneira: conte as estatísticas, dê fatos. Estatísticas são simplistas. Contam-se acidentes, mortes, assaltos. Não se contabilizam sorrisos. É assim e ponto 

Por outro lado (e há sempre um outro lado), há a cobertura feita pelas redes sociais (que ninguém mencionou). Acompanhei durante o tempo todo a cobertura no Twitter e no Instagram através das hashtags. O que vi nas redes foi uma Virada Cultural de gente feliz e ocupando o centro. Quem acompanhou a Virada Cultural por aí, viu uma virada diferente do que está sendo noticiada.

Diante da discrepância de opiniões, a minha é a seguinte: não dá para resolver os problemas de uma metrópole na Virada Cultural. Quem anda pelo centro, sabe o perigo que corre e não é porque é Virada Cultural que os problemas simplesmente somem. E para mim, a Virada existe para isso. Para tirar pessoas como eu, meu pai e minha irmã de suas casas e observar de perto como o centro está e como pode ser. Claro, fiquei com muito medo em alguns momentos. Assim como vi cenas lindas, vi cenas tristes. Mas, sinceramente, sabia que seria assim. Sei a cidade que moro e ao ir a Virada descobri mais um pouco dela. Para mim, a Virada serve para pôr foco em algo que muita gente não vê (ou finge que não). Por isso, a Virada Cultural é de suma importância e não pode ser analisada de maneira simples. Acho injusto jogar nas costas da Virada as críticas de toda uma cidade. Por isso, em relação a Virada, os questionamentos válidos são:

A segurança do evento pode melhorar? Todo mundo sabe que sim. É fácil fazer a segurança de um evento de 4 milhões de pessoas que quase nunca têm acesso a cultura, shows gratuitos, transporte 24 horas? Não.

A programação foi boa? Para mim, foi o melhor de todas as edições. Eclética, de qualidade, para todos.

O transporte durante o evento funcionou? Para mim sim, mas acho que ainda faltam bolsões com opção de táxi.

Falta sinalização? Muita. E essa é uma das maiores falhas da Virada. É difícil se localizar, chegar no outro palco, achar o caminho mais próximo, encontrar opções de banheiro, restaurantes, alternativas. 

Crítica ao que é da Virada. Aproveite o resto que você conheceu, para questionar a sua cidade e seus próximos prefeitos.

 

Bell Gama

 

 

viradacultural 2013

 

 

 

3 comentários

  1. 20/05/13 at 19:02

    Ring the bell, my Bell!
     
    Organizar um evento de tal porte não será fácil jamais, mas por que não observam as falhas para tentar fazer melhor a cada ano…
    Sabe quando você me ganhou? Quando se referiu à urgência de se ‘contabilizar sorrisos’. 
     
    Beijocas!
     

  2. A reflexão da Bell (que nem era para o Estrela Binária) é a mais lúcida de  tudo o que li até agora sobre os “problemas” da Virada. 
    Os “problemas” mais destacados pela mídia não são nem foram da Virada. São da cidade de São Paulo, de todos os dias, de todas as noites. O evento grandioso longe está de ser perfeito. Pode e deve ser melhorado. Mas não pode ser crucificado por fatos infelizmente corriqueiros em São Paulo: assaltos, brigas, drogas.

  3. André
    20/05/13 at 21:03

    Gama, São Paulo tem seus percalços sim, assim como em qualquer outro lugar, e o texto de Bell nos leva a uma reflexão fecunda, porque eu gosto muito dessa cidade, principalmente no que diz respeito à gastronomia (eu sou bom de garfo!), mas se trata da maior cidade do Brasil, então esses fatos ocorrem diariamente, assim como no trânsito. Quem sabe uma outra oportunidade eu vá aesse evento a que Bell se referiu.
    Abraçaço.
     

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