Selma Barcellos
… encontrei minha declaração de amor a junho. Do baú! Escrevi faz décadas, ao chegar de uma daquelas baitas festas de fazenda, algum quentão e muitas beijocas depois. Rogo desconto, queridos do blog.
Fui criança do interior,
Com o galo eu acordava.
O mundo era meu quintal,
Na goiabeira eu brincava.
Ao chegar o mês de junho,
Enfeitava o arraial.
Pendurava bandeirinhas
E chamava o pessoal.
O céu estrelado iluminava
Os namoros, o forró, a alegria.
A fogueira assava as batatas,
Entre buscapés eu corria.
Em casa, com um altarzinho,
A mãe puxava a novena.
E São João me olhando, dizia:
“Conte comigo, pequena!”
Quando virei gente grande,
Na capital fui morar.
Vivo num prédio bem alto,
Com grades a me sufocar.
Da janela desse prédio
Olho as estrelas distantes…
O céu não é aquele da roça,
Não sou feliz como antes.
Saudade da cidadezinha…
Ar puro, cheiro de jasmim,
Grama molhada, mês de junho…
Tudo é pedaço de mim.
Com todo o carinho
Ganhei meu presente.
Ar puro, flor da noite.
Estrelas distantes que se foram
O galo me acordou
Céu azul chegou.
mas a vida acende e ascende
a poesia da poeta
E o João amigo do Antonio
Convida a pular a fogueira.
A festa começou
ANARRIÊ
Que bela poesia, me lembrei do Profundamente de Bandeira.
“Quando ontem adormeci…”
O galo acordou mesmo o Paulinho…
— Olha a cobraaaaa! É mentira.
Beijocas, Lima!
Deus me livre nesse dia
de Leminski e de Bandeira!
Quero as trovas da Selminha,
bandeirinhas e fogueira.
Quero sorte no amor
A maçã caramelada
O beijinho com rubor
A viola enluarada…
Concorda, cumpadi Brenno?
Selma, se você fizer alguma festa junina, não esquece de convidar hein!
E o seu poema é belíssimo, como sempre. Abrilhantou meu dia.
Beijoca!
Amanhã é dia de Totoinho, André!
Cometi esse poeminha cheia de quentão na lata. Tomei-lhe uma bronca da mãe… Ela era neta de Lampião.
Querida Selma, que poema mais singelo. Com o perfume e as cores da flor de São João. Adorável! Beijos.
Ah, Claudia, o perfume daqueles junhos em flor…
Sou junina desde que nasci.
b
eijoca!