Nilton Chiaretti
Quando menino
tentei arapucar borboletas
A única que peguei
olhou-me com tanta dor
que matou minha meninice
Virei então caçador de sonhos
Coisa de gente grande
Desses, nem perto cheguei.
Hoje, velho,
usando minha vivência
de caçador e sonhador,
caço palavras
São iguais borboletas
Bonitas e ariscas.
Até tive sorte
Capturei algumas
Prendi-as em poemas
Ali se cumadrearam
Exigiram pontos, vírgulas
e essas coisas de palavras
As entojadas só asssentaram
depois de ganharem acentos
Todas trocaram e retrocaram
de lugar
Então, palavreadas em filas,
exibidas, exigiram liberdade
Cansado dos resmungos soltei-as
Saíram em tagarelices
de galinhas-d´angola,
Só vendo.
Caçador de palavras
Caçador de poesias
Caçador de músicas
Caçador de amores.
Chiaretti, à branquinha o que é da branquinha, ao poeta que acorda palavras que só vendo, toda glória. Ameeeeeei!