LA GÉNESIS DE LA VENDIMIA
Desde la Cordillera, Afrodita exclama:
¨!Adornaré el piedemonte con viñedos,
Y tantos, que racimos, saltando los dedos
Sobre la tierra caerán como en derrame!”
Surge entonces Baco, y, ebrio, aterra:
¨Que sea, pero de las uvas, en mi honor,
Se haga el néctar más sabroso y embriagador
Bajo la línea de equinoccio de la Tierra! ¨
Venus se suma, y, vanidosa, dictamina:
¨!Que anime esa fertilidad y ese vino
La mujer bella y joven, cuál su endorfina!¨.
¨Amén, – dice la Virgen de la Carrodilla-
¡Pues ante el Poder Supremo del Divino,
Lo fértil, bello, el vino – todo se arrodilla!¨
Sergio Couri
Mendoza, enero 2014
Nota da Redação: Sergio Couri, poeta e diplomata, como Vinicius de Moraes ─ cuja cadeira na Academia de Letras de Brasília ocupa e honra ─ é autor de diversos livros, entre os quais “Timós” (Editora 7 Letras), que reúne as obras “O vento e a vela”, “Luz e sombra” e “Pós-poesia”. Nascido em Niterói, estado do Rio de Janeiro, tornou-se cidadão do mundo não apenas em virtude da sua carreira diplomática, mas sobretudo pela virtude do poeta que se abre à vida e às pessoas de todos os cantos. Reside e trabalha atualmente em Mendoza, Argentina, onde se farta das belezas da vindima à borda da cordilheira. Após a colheita, bebemos nós dos seus versos e nos embriagamos de poesia. Não bastasse, é irmão de Selma Barcellos, levando-nos a concluir que o talento, pelo menos no caso, é genético.
Antonio, palavras do mano ao saber que o Estrela Binária havia postado seu poema:
“Selma, boa notícia. Diga ao Antonio Carlos Gama que o poema reflete minhas convicções de que tudo o que reveste a Vendimia, em Mendoza, e talvez alhures, brota instintivamente do paganismo que eu creio sobreviver no inconsciente coletivo da humanidade. A Vendimia, no fundo, é uma exaltação dos elementos e das forças da natureza, como a terra, a água, a uva, o sol, a fertilidade, a beleza feminina, etc. A referência à Virgen de la Carrodilla se deve a que, em Mendoza, ela é a ¨patrona de los viñedos¨, e ao fato de que, no Ocidente, o cristianismo indubitavelmente se superpõe ao paganismo no plano espiritual consciente. Aleluia! Os deuses gregos tinham temperamento instável e imprevisível, e eram tinhosos. Beijo, Sergio.”
Beijocas!
Ave, Baco!
Concordo plenamente com o poeta acerca da celebração pagã da vindima, da qual o sacro cristão se apropriou, a ponto de fazer do vinho o símbolo do sangue divino. E também Cristo, em algumas passagens, revela um temperamento imprevisível e tinhoso. Nem se diga então o Iavé do Velho Testamento…
Obrigado, Sergio, por emprestar sua luz à nossa Estrela.
Gama, soneto lindíssimo esse de autoria do irmão da nossa querida Estrela SELMA. Você tem toda razão: o talento (e a sensibilidade) nesse caso são genéticos, está no DNA, assim como no Cadu, o seu primeiro neto.
Abraçaço.