Adalberto de Oliveira Souza
IMPOSSIBILIDADE
Como apagar
o indelével?
Nada se apaga
Tudo se impregna no tempo,
A lembrança pode se distrair,
mas a marca permanece,
a cicatriz,
visível ou invisível.
Às vezes, dói.
Quando se tem consciência
lamenta-se,
Quando não
suspira-se.
A vida continua,
mesmo assim.
Bacana a associação entre sentimento, cicatriz e tatuagem. Nesses tempos em que os relacionamentos se tornaram tão voláteis, há que se tomar cuidado com quem entra em nossos corações. O conhecido Psicanalista Jacob Goldberg fala em “coisificação” do ser humano, algo assim como uma mercadoria, sujeito, portanto, às práticas do mercado. O amor realmente pode ferir e se tornar uma cicatriz, poeticamente uma tatuagem. O problema com as tatuagens é que você gosta, não resiste, e faz. Posteriormente, vê uma outra tatoo mais bacana, e faz. Depois outra, mais moderna, e aquela outra, diferente… Os modelos (as pessoas) são inúmeros. Um dia, pode-se descobrir que está com o corpo cheio de desenhos que não gosta mais. Tatuagem é uma coisa muito bacana. E costumam ser irresistíveis. Difícil é carregar as cicatrizes que ninguém vê. ////// Desculpa essa viagem toda. O poema é lindíssimo! Obrigada por compartilhar!
Poeta, para além da cicatriz (uma das mais belas palavras da nossa língua) , é o poema que impregna e arrebata a dor. Belíssimo.
Antonio, barquinho fora do (m)ar…
Um poema para ser lido com calma, pois a pressa descartável não percebe beleza, inspiração, qualidade e riqueza de detalhes. Parabéns, Mestre Adalberto.
Muito jóia o poema!!!bonita e bem a propósito também a ilustração. Traço sobre o estilhaço, retraço o verso, ressinto.
As lembranças…sempre as lembranças que nos marcam e nos mantêm vivos. Lindo poema professor, conciso e expansivo ao mesmo tempo. Seu poema exala vida.., esta que nem sempre é só alegria, mas também dor presente.
Belíssimo Adalberto!
Parabéns mais uma vez.
Belo poema Adalberto. A ideia de que a marca persiste para além da consciência, ou seja, da lembrança é produto do inconsciente que insiste em revelá-la na forma de um suspiro. Abraço amigo