Nilton Chiaretti
VIVER
Pois que eu vou por ali.
Não andei até aqui por nada,
e nada vai me acorçoar a volta.
Lá só fui remoinho.
Fiz muita poeira para pouca serventia.
Nasci cipó enrolado em tronco,
desses que encompridam passo sem percorrer distância,
e vivi em segurança tão sombreada, que medrei do sol.
Evitei olhares amorados
como fossem olhos de cobra verde
e não deixei quem lavrou meu corpo, colher minha alma.
Temia que a dor de amor doesse mais que não tê-lo.
Fechei-me igual bago de paina verde,
mas sem a beleza do seu madurar.
Não planei no vento como a paina aventa.
Fui semente que apodreceu e secou no galho.
Meu rio nunca tropeçou em pedras
nem abocanhou barrancos.
Meu rio corria manso e sem riscos,
mas desrumado de porto.
Lá eu nunca sonhei, pois o sonho tirava o sono
e o sono era mais importante que sonhar.
Fui demais cauteloso nas coisas da vivência
e perdi sem jogar.
Essas perdas me fizeram chegar até aqui.
Estou desaprendendo o meu viver
para desaprumar meu antigo rumo.
Por isso é que eu vou por ali.
Dia 9 de junho, às 19h30, no Estúdio Kaiser de Cinema (Ribeirão Preto), lançamento do novo livro do poeta.
Vamos por lá, prosear com ele.
Para onde vou?
Não sei.
Só sei que vou
Para qualquer lugar
Que eu for.
Poema M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O!!!!!!!… Faz o leitor pensar no tempo, na vida e naquilo que vale a pena viver. Gostei muito! Parabéns ao autor!
Belo poema.
“Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.
Viver é não conseguir.” (Fernando Pessoa)
Sucesso no lançamento de “Proseio”, Nilton.
Amei o poema. Também vou indo por qui e por ali e também já fiz “muita poeira pra pouca serventia”.
Adoraria poder ir ao lançamento do livro. Espero que ele chegue logo em Piracicaba.
Obrigado Gama por divulgar meu “Proseio”. Espero vocês dia 9. Abraços