Estou abandonando aos poucos a minha velha conta de e-mail (acgama@netsite.com.br) por outra, mais moderna e eficiente (antonicogama@gmail.com). Valho-me do ensejo para pedir aos distintos amigos e leitores que passem a usar esta última para se comunicar comigo.
Sou apegado às minhas coisas, não por avareza, mas por razões outras, sentimentais. Avareza sentimental, talvez.
Aquela velha conta foi a minha primeira, e a gente nunca se esquece da primeira, seja lá o que for. Para o bem e para o mal.
Como as mensagens que recebo estão sendo encaminhadas automaticamente para a nova conta, esqueço-me com frequência de acessar a velha (sem malícia, por favor) e limpá-la do que já não interessa, ou nunca interessou.
É um martírio. Outro dia havia mais de duas mil mensagens esquecidas, a grande maioria propagandas de toda espécie, pps edificantes ou metidos a engraçados, correntes ameaçadoras caso sejam quebradas e outras chateações do gênero.
Passei um tempo enorme deletando tudo.
Enquanto me dedicava a essa operação de extermínio, com a frieza pragmática de um Capitão Nascimento, súbito o coração sentimentaloide me falou mais alto: “Para aonde vão essas pobres palavrinhas e imagens desprezadas?”
O universo cibernético continua para mim um mistério tão insondável e profundo quanto o universo propriamente dito. Quem sabe mais intrincado ainda.
Os dois, por exemplo, têm “nuvens”, mas as do universo celeste eu posso ver, quase tocá-las quando viajo de avião (outro absurdo de lata que avoa que nem passarinho), e de vez em quando até me despejam água na cabeça para me despertar das minhas tontices. Já as nuvens do ciberespaço não tenho a mínima ideia de como são, onde ficam e o que fazem.
Quando os seres físicos morremos, nossas almas vão para o céu, inferno, purgatório ― se cremos ― ou simplesmente nos decompomos, somos consumidos por outros seres e viramos pó ― se cremos apenas naquela outra entidade mítica, a Ciência.
E no mundo cibernético?
O que acontece com as palavras e imagens desterradas?
Haverá um cemitério para elas, ou uma espécie de máquina fragmentadora virtual para torná-las pedacinhos coloridos de saudade?
Ou elas pairam eternamente por aí como almas penadas, até que um cracker as incorpore tal um pai de santo num terreiro de umbanda?
Saravá!
Placa providencial esta, hem?
Assim que vi, na Veja, que se podia arquivar dados na nuvem, veio-me exatamente a desconfiança: qual seria o destino final desses retalhos de vida? Como não estou disposta a perder o meu pouco tempo com curiosidades, embora saber esteja cada vez mais associado ao poder, no mesmo momento resolvi que não recorreria à nuvem. Deixo para os mais disciplinados que o façam. E, ao vencedor, as batatas.
elucubrações ciberneticamente pertinentes…
“no mistério do onde
se esconde
o quando”
(quântico?)
(cântico?)
Antonio, minha caixa postal qualquer dia explode. Onde o tempo – e a paciência – para mandar as inutilidades para o espaço?
Vem cá, que tal o inspiradíssimo Brenno Augusto, hein?
Beijocas!
Selma, Brenno Augusto ainda não sabe, mas será o próximo “colaborador voluntário” do Estrela Binária…