Selma Barcellos
Para quem, como a blogueira, conserva o prazer de escrever à mão, aliás, com o corpo todo, sem mediação, no terreno baldio da folha de papel, não encontro ilustração mais perfeita para o nascimento de um texto, passados os pontapés iniciais do embate com a inspiração, os alarmes falsos… Em algum momento a palavra gestada nos chega. E nos alenta.
Sobre o ato hoje quase lúdico de manuscrever, o poeta Armando Freitas Filho se justifica dizendo que “a máquina de escrever, o computador estão sempre passando a limpo, estão ‘entre’ o que se escreve e a mão.” Indagado se o lápis e a caneta também não estariam, responde: “Mas quem diz que escrevo com lápis e caneta? Escrevo, isso sim, com o dedo em riste.” Ah, poeta… E completa:
A letra tremida da infância
ou da mão travada pela idade
quando impressas, não passam
a aceleração do sentimento
nem o avanço da paralisia.
Só o leitor pode recuperar
o bastidor da sensação
que se gastou num polo
ou no outro, embalsamada
na letra morta de imprensa.
Jamais supérfluos, não me faltem o bloquinho e a Bic de ponta fina aonde for. Mania doida de rascunhar, desenhar, esboçar, destacar vida que passa e que de algum lugar me acena. Ao alcance das mãos. Assim.
Selma, eu adoro escrever a mão, técnica através da qual eu faço redações, trabalhos, textos, as poesias de minha autoria eu coloco no papel pra depois editar nos blogs. Ao alcance das mãos eu posso tudo, quem sabe um dia até acabe publicando um livro.
Beijoca
André, vou acampar, de véspera, na fila. Fã é fã.
Beijocas!
Selma, se eu publicar mesmo um livro (quem sabe, um dia? Tudo é possível…) vou doar de presente um exemplar autografado especialmente pra você e pro mestre Tom Gama.
É claro que vou querer a presença de vocês na noite de autógrafos!
Beijoca
A GESTAÇÃO DA POESIA
A palavra futura,
o verso não dito:
voláteis paquidermes
que esvoaçam
na abóbada
do útero da alma;
pesadas borboletas
que chafurdam
na lama do sonho
e do pensamento
à espera ansiosa
do grandioso momento:
o estertor do parto !
A insustentável leveza da palavra…
Beleza, Brenno!
Beijocas!
Confesso que meu texto flui melhor quando a caneta rabisca no papel… Há os que dizem: – Isto é arcaico! Será?
Da ponta da Bic, Emir. E quanto mais de camelô, melhor. Arcaico é não se entregar.
Não consigo passar diante de uma boa papelaria sem entrar, e quase sempre comprar, papéis, cadernos, canetinhas várias. Tenho especial afeição pelos lápis, cada vez mais bonitos e interessantes, mas com o grafite de má qualidade, que quebra ao ser apontado. Ou serão os apontadores que já não prestam? Grande parte de minhas lembranças de viagens são lápis, bloquinhos e cadernos.
Mas a verdade é que me habituei de tal modo a escrever no computador que sempre acabo perpetrando nele meus textos, sobretudo pela facilidade de corrigir e modificar, experimentar, o que não tem fim.
A ilustração que Selminha encontrou sobre o “nascimento do texto” é uma delícia e me deixou com vontade de retomar a escrita com lápis e papel!
Antonio, seja qual for o tamanho da bolsa, sacudiu, cai um bloquinho. Aquele que vem com o “lapinho” preso do lado então…
Beijocas!
nada me é mais simpático que uma folha de papel em branco. adoro meus rascunhos e desenhos rabiscados. preciso andar mais por essa estrela aqui.
Texto de Selma, em parceria com Armando, é fantástico mexe com o maior dos prazeres, escrever.
Paulinho, “essa estrela aqui” é para bater ponto todo dia… Creia-me, ilustre cavalheiro.