Manuela ainda não completou três anos, mas já faz alguns meses que está na fase das princesas.
Passa os dias na fantasia de uma delas, Branca de Neve (cujo lindo e colorido vestido é o meu preferido), Cinderela, Bela Adormecida, a Bela da Fera (que ela adora). Agora anda encantada com Rapunzel, por causa do filme “Enrolados” a que assiste continuamente. Aliás, a Rapunzel pequenina do desenho, ao nascer, se parece muito com ela (pelo menos aos babões da família, parece).
Isso significa que Babu se tornou o camareiro da princesa do dia, embora ela sempre insista em me dar outros papéis mais nobres.
Vestida de Branca de Neve, me indagou que personagem eu seria.
― Mestre, lhe propus.
― Não, Babu! Você não é anãozinho, não tem barba branca…
Disse-lhe que colocava uma barba de mentirinha e ficava de joelhos (pois é assim que sempre me ponho diante dela), mas ela não concordou.
Ela entra nas personagens, come um pedaço da maçã envenenada, ou espeta o dedo na roca, boceja e adormece teatralmente. Edipozinho básico já rolando, se o pai está por perto, é ele o Príncipe que tem de beijá-la para ela despertar. Quando ele não está, Babu quebra o galho.
Ao me dizer, na distribuição dos papéis, que o pai, como sempre, seria o Príncipe, respondi-lhe:
― Não senhora! Papai é o pai da princesa. O seu príncipe ainda vai chegar. De cavalo branco…
Devolveu-me na lata:
― Cavalo branco não, Babu! De carro… Vermelho…
Princesa sim, mas do século XXI!
Quem sabe uma Ferrari Testarrosa?
Rapunzel na torre, à espera do Príncipe