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O Poeta e a Lua

 

 

lua e nuvens

 

                                                           O POETA E A LUA

 

                                                                                                          Vinicius de Moraes

 

                                               Em meio a um cristal de ecos

                                               O poeta vai pela rua

                                               Seus olhos verdes de éter

                                               Abrem cavernas na lua.

                                               A lua volta de flanco

                                               Eriçada de luxúria

                                               O poeta, aloucado e branco

                                               Palpa as nádegas da lua.

                                               Entre as esferas nitentes

                                               Tremeluzem pêlos fulvos

                                               O poeta, de olhar dormente

                                               Entreabre o pente da lua.

                                               Em frouxos de luz e água

                                               Palpita a ferida crua

                                                O poeta todo se lava

                                               De palidez e doçura.

                                               Ardente e desesperada

                                               A lua vira em decúbito

                                               A vinda lenta do espasmo

                                               Aguça as pontas da lua.

                                               O poeta afaga-lhe os braços

                                               E o ventre que se menstrua

                                               A lua se curva em arco

                                               Num delírio de volúpia.

                                               O gozo aumenta de súbito

                                                Em frêmitos que perduram

                                                A lua vira o outro quarto

                                               E fica de frente, nua.

                                               O orgasmo desce do espaço

                                               Desfeito em estrelas e nuvens

                                               Nos ventos do mar perspassa

                                               Um salso cheiro de lua

                                               E a lua, no êxtase, cresce

                                               Se dilata e alteia e estua

                                               O poeta se deixa em prece

                                               Ante a beleza da lua.

                                               Depois a lua adormece

                                               E míngua e se apazigua…

                                               O poeta desaparece

                                               Envolto em cantos e plumas

                                               Enquanto a noite enlouquece

                                                No seu claustro de ciúmes.

 

 

 

Bom conselho

 

 

 

“Bom Conselho” (Chico Buarque), com Chico e Eugénia Melo e Castro

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=fBeOEZITiOE[/youtube]

 

 

Eugénia Melo e Castro, uma das cantoras portuguesas mais amadas pelos músicos e pelo público brasileiro acaba de ganhar mais um grande reconhecimento da crítica brasileira.

Quando comemora os seus trinta anos de carreira artística, recebe a menção honrosa da principal revista cultural do Brasil, a «Bravo», que em edição especial publica as 100 melhores canções brasileiras de todos os tempos e seus melhores intérpretes.
Geninha, como é carinhosamente chamada pelos amigos, foi considerada a segunda melhor intérprete da famosa canção de Vinicius de Morais «Eu sei que vou te amar», perdendo o primeiro lugar para o não menos famoso João Gilberto e ficando a frente de uma das musas da bossa nova, Maysa.

Para Eugénia este é um dos maiores reconhecimentos que recebeu, justamente no ano das comemorações do centenário de Vinícius. A sua leitura concorreu com a versão dos principais nomes da musica popular brasileira como Elis Regina, Roberto Carlos, Gal Costa, Caetano Veloso, Adriana Calcanhoto, Ivete Sangalo e outros.

A cantora portuguesa agora está a preparar um novo CD com músicas para crianças, «Conversas com versos», musicando os poemas da sua mãe, a escritora e poetisa Maria Alberta Menéres. Para já a cantora adianta que conta com a participação de Ney Matogrosso no tema «Meu Chapéu». O lançamento está previsto para Outubro.

Fonte: http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=649287

 

 

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=p1itszpEX60#at=55[/youtube]

 

 

 

Valsinha (quase “Valsa hippie”)

 

 

 

“Valsinha” (Vinicius de Moraes / Chico Buarque), com Chico

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=6u4FK_Z5298[/youtube]

 

Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito

de sempre chegar

Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre

costumava olhar

E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito

de sempre falar

e nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto

convidou-a pra rodar

Então ela se fez bonita como há muito tempo

não queria ousar

Com seu vestido decotado cheirando a guardado

de tanto esperar

Depois os dois deram-se os braços como há muito

tempo não se usava dar

E cheios de ternura e graça foram para a praça

e começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda

despertou

E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou

E foram tantos beijos loucos,

Tantos gritos roucos como não se ouvia(m) mais

Que o mundo compreendeu

E o dia amanheceu

Em paz

 

 

 

A arte do encontro VII

 

 

 vinicius, chico, tom e manuel bandeira

 

Chico Buarque conta que conheceu Vinicius de Moraes como amigo do pai, Sergio Buarque de Holanda, e tinha por ele a reverência que os mais novos costumavam ter com os mais velhos.

Só bem depois, quando Chico começou a aparecer como compositor e cantor é que as relações entre Vinicius e ele se estreitaram, acabaram parceiros e até compadres.

“Valsinha” é uma das canções mais belas da parceria, em que o poetinha fez a melodia e Chico, a letra.

Vinicius não resistiu a dar alguns pitacos na letra que Chico lhe enviou, entre os quais o título da canção: “Valsa hippie”.

A deliciosa troca de cartas (e farpas) entre os dois revela que Chico, apesar do respeito e da admiração por Vinicius, já havia adquirido confiança e intimidade suficientes para contrariá-lo. E me parece que a razão, no caso, estava com Chico.

 

 

DE VINÍCIUS DE MORAES PARA CHICO BUARQUE

 

Mar del Plata, 24 de janeiro de 1971

 

Chiquérrimo,

 

Dei uma apertada linda na sua letra, depois que você partiu, porque achei que valia a pena trabalhar mais um pouquinho sobre ela, sobre aqueles hiatos que havia, adicionando duas ou três idéias que tive. Mandei-a em carta a você, mas Toquinho, com a cara mais séria do mundo, me disse que Sérgio morava em Buri, 11, e lá se foi a carta para Buri, 11.

Mas, como você me disse no telefone que não tinha recebido, estou mandando outra para ver se você concorda com as modificações feitas.

Claro que a letra é sua, e eu nada mais fiz que dar uma aparafusada geral. Às vezes o cara de fora vê melhor essas coisas. Enfim, porra, aí vai ela. Dei-lhe o nome de “Valsa hippie”, porque parece-me que tua letra tem esse elemento hippie que dá um encanto todo moderno à valsa, brasileira e antigona. Que é que você acha? O pessoal aqui, no princípio, estranhou um pouco, mas depois se amarrou na idéia. Escreva logo, dizendo o que você achou.

 

 

DE CHICO BUARQUE PARA VINÍCIUS DE MORAES

 

Caro poeta,

 

Recebi as duas cartas e fiquei meio embananado. É que eu já estava cantando aquela letra, com hiato e tudo, gostando e me acostumando a ela. Também porque, como você já sabe, o público tem recebido a valsinha com o maior entusiasmo, pedindo bis e tudo. Sem exagero, ela é o ponto alto do show, junto com o “Apesar de você”. Então dá um certo medo de mudar demais. Enfim, a música é sua e a discussão continua aberta. Vou tentar defender, por pontos, a minha opinião. Estude o meu caso, exponha-o a Toquinho e Gesse, e se não gostar foda-se, ou fodo-me eu.

“Valsa hippie” é um título forte. É bonito, mas pode parecer forçação de barra, com tudo que há de hippie por aí. “Valsa hippie” ligado à filosofia hippie como você a ligou, é um título perfeito. Mas hippie, para o grande público, já deixou de ser filosofia para ser a moda pra frente de se usar roupa e cabelo. Aí já não tem nada a ver. Pela mesma razão eu prefiro que o nosso personagem xingue ou, mais delicado, maldiga a vida, em vez de falar mal da poesia. A sua solução é mais bonita e completa, mas eu acho que ela diminui o efeito do que se segue. Esse homem da primeira estrofe é o anti-hippy. Acho mesmo que ele nunca soube o que é poesia. É bancário e está com o saco cheio e está sempre mandando sua mulher à merda. Quer dizer, neste dia ele chegou diferente, não maldisse (ou “xingou” mesmo) a vida tanto e convidou-a pra rodar.

“Convidou-a pra rodar” eu gosto muito, poeta, deixa ficar. Rodar que é dar um passeio e é dançar. Depois eu acho que, se ele já for convidando a coitada para amar, perde-se o suspense do vestido no armário e a tesão da trepada final. “Pra seu grande espanto”, você tem razão, é melhor que “para seu espanto”. Só que eu esqueci que ia por itens.

Vamos lá: Apesar do Orestes (vestido de dourado é lindo), eu gosto muito do som do vestido decotado. É gostoso de cantar “vestidodecotado”. E para ficar dourado, o vestido fica com o acento tendendo para a primeira sílaba. Não chega a ser um acento, mas é quase. Esse verso é, aliás, o que mais agrada, em geral. E eu também gosto do decotado ligado ao “ousar” que ela não queria por causa do marido chato e quadrado.

Escuta, ô poeta, não leva a mal a minha impertinência, mas você precisava estar aqui para ver como a turma gosta, e o jeito dela gostar dessa valsa, assim à primeira vista. É por isso que estou puxando a sardinha mais para o lado da minha letra, que é mais simplória, do que pelas suas modificações que, enriquecendo os versos, talvez dificultem um pouco a compreensão imediata. E essa valsinha tem um apelo popular que nós não suspeitávamos.

Ainda baseado no argumento acima, prefiro o “abraçar” ao “bailar”. Em suma, eu não mexeria na segunda estrofe. A terceira é a que mais me preocupa. Você está certo quanto ao “o mundo” em vez de “a gente”. Ah, voltando à estrofe anterior, gostei do último versos onde você diz “e cheios de ternura e graça” em vez de “e foram-se cheios de graça”. Agora, estou pensando em retomar uma idéia anterior, quando eu pensava em colocá-los em estado de graça. Aproveitando a sua ternura, poderíamos fazer “Em estado de ternura e graça foram para a praça e começaram a se abraçar”. Só tem o probleminha da junção “em-estado”, o “em-e” numa sílaba só. Que é o mesmo problema do “começaram-a”. Mas você mesmo disse que o probleminha desaparece dependendo da maneira de se cantar. E eu tenho cantado “começaram a se abraçar” sem maiores danos.

Enfim, veja aí o que você acha de tudo isso, desculpe a encheção de saco e responda urgente.

Há um outro problema: o pessoal do MPB-4 está querendo gravar essa valsa na marra. Eu disse que depende de sua autorização e eles estão aqui esperando.

Eu também gostaria de gravar, se o senhor me permitisse, por que deu bolo com o “Apesar de você”, tenho sido perturbado e o disco deixou de ser prensado. Mas deu para tirar um sarro. É claro que não vendeu tanto quanto a “Tonga”, mas a “Banda” vendeu mais que o disco do Toquinho solando “Primavera”.

Dê um abraço na Gesse, um beijo no Toquinho e peça à Silvana para mandar notícias sobre shows etc. Vou escrever a letra como me parece melhor. Veja aí e, se for o caso, enfie-a no ralo da banheira ou noutro buraco que você tiver à mão.

 

 

 

E cada verso meu será…

 

 

Eu sei que vou te amar

 

 

Num 9 de julho, 33 anos atrás, morria Vinicius de Moraes (AQUI), que neste ano de 2013 completa 100 anos.

Há maravilhosas interpretações dessa canção antológica dele e do Tom, mas esta, com Maria Creusa e Toquinho, tem especial significação para mim, por tê-la presenciado mais de uma vez nos inesquecíveis shows do circuito universitário que faziam na época.

 

 vinicius-de-moraes

 

Eu sei que vou te amar

 “Eu sei que vou te amar” (Vinicius de Moraes / Tom Jobim), com Vinicius, Toquinho e Maria Creusa

 

 

 

“Lamentos” (Pixinguinha / Vinicius de Moraes), Yamandu Costa / Dominguinhos

[youtube]http://www.youtube.com/watch?v=EtoEpxSMfSc[/youtube]

 

 

 

 

Todas as mulheres do mundo

 

 

“Na minha vida tem sido como se uma mulher me depositasse nos braços de outra. Isso talvez porque esse amor paixão pela sua própria intensidade não tem condições de sobreviver. Isso acho que está expresso com felicidade no dístico do meu soneto Fidelidade: que não seja imortal posto que é chama / mas que seja infinito enquanto dure.” (Vinicius de Moraes)

 

 

Vinicius e a mulher 2

Vinicius e Gilda, sua última mulher, a quem apresentava como “minha viúva”

 

 

Eu que sou um bendito fruto entre mulheres ― Maria Delucena, Carolina, Isabella, Júlia, Manuela, pela ordem de chegada ― reconheço que nessa matéria não daria nem para a saída diante do nosso poetinha maior, que em 2013 faria cem anos, e outros cem viveria para servi-las, se não fora para tantos amores tão curta a vida.

Pois não bastassem seus tantos e antológicos poemas sobre as mulheres, Vinicius chegou a escrever poeminhas sobre a mulher de cada signo do zodíaco, com a verve e a maestria de sempre.

Não sei se os escreveu por encomenda, necessidade (“e tem um dinheirinho nisso?”, como lhe perguntou um Tom Jobim pobrinho e cheio de contas a pagar, ao ser convidado para musicar a peça “Orfeu da Conceição”; Manuel Bandeira, que daria seu reino pelas três mulheres do sabonete Araxá, recebeu depois prendas do fabricante agradecido) ou mera brincadeira, mas os poemas chegaram a ser publicados num livrinho.

 

livro a mulher e o signo (Vinicius de Moraes)

 

Maria Delucena é capricorniana (há controvérsias); Carol, aquariana; Bell, sagitariana; Júlia, geminiana; e Manu, pisciana.

E vocês, minhas queridas e binárias estrelas que orbitam pelo meu céu, de que signo são?

O poema respectivo do poetinha lhes cai bem (ou vocês não são nada disso)?

A todas, todo o meu bem, e parabéns pelo seu dia, todos os dias.

 

 

 zodíaco

 

 

Áries

 

Branca, preta ou amarela

A ariana zela.

 

Tem caráter dominador

Mas pode ser convencida

E aí, então, fica uma flor:

Cordata… e nada convencida.

 

Porque o seu dominador

É o amor.

Eu cá por mim não tenho nenhum

Preconceito racial:

Mas sou ariano!

 

 

                                                 Touro

 

                                                 O que é que brilha sem

                                                 Ser ouro? – A mulher de Touro!

                                                 É a companheira perfeita

                                                 Quando levanta ou quando deita.

                                                 Mas é mulher exclusivista

                                                 Se não tem tudo, faz a pista.

                                                 Depois, que dona-de-casa…

                                                  E a noite ainda manda brasa.

                                                  Sua virtude: a paciência

                                                 Seu dia bom: a sexta-feira

                                                 Sua cor propícia: o verde

                                                 As flores dos seus pendores:

                                                 Rosa, flor de macieira.

 

 

Gêmeos

 

A mulher de Gêmeos

Não sabe o que quer

Mas tirante isso

É boa mulher.

 

A mulher de Gêmeos

Não sabe o que diz

Mas tirante isso

Faz o homem feliz.

 

A mulher de Gêmeos

Não sabe o que faz

Mas por isso mesmo

É boa demais…

 

 

                                                 Câncer

 

                                                 Você nunca avance

                                                 Em mulher de Câncer.

 

                                                 Seu planeta é a Lua

                                                 E a Lua, é sabido

                                                 Só vive na sua.

                                                 É muito apegada

                                                 E quando pegada

                                                 Pega da pesada.

 

                                                 É mulher que ama

                                                 Com muito saber

                                                 No tocante a cama

                                                 Não sei lhe dizer…

 

 

Leão

 

A mulher de Leão

Brilha na escuridão.

 

A mulher de Leão, mesmo sem fome

Pega, mate e come.

 

A mulher de Leão não tem perdão.

 

As mulheres de Leão

Leoas são.

 

Poeta, operário, capitão

Cuidado com a mulher de Leão!

 

São ciumentas e antagônicas

Solares e dominicais

ígneas, áureas e sadônicas

E muito, muito liberais.

 

 

                                                 Virgem

 

                                                 Se Florence Nightingale era Virgem

                                                 Não sei… mas o mal é de origem.

 

                                                 A mulher de Virgem aceita a amante

                                                 Isto é: desde que não a suplante.

 

                                                 Sexo de consumo, pães-de-minuto

                                                 Nada disso lhe há de faltar

                                                 O condomínio é absoluto

                                                 A virgem é mulher do lar.

 

                                                 Opala, safira, turquesa

                                                 São suas pedras astrais

                                                 Na cuca, muita esperteza

                                                 Na existência, muita paz.

 

 

Libra

 

A mulher de Libra

Não tem muita fibra

Mas vibra.

 

Quer ver uma libriana contente?

Dê-lhe um presente.

 

Quando o marido a trai

A mulher de Libra

balança mas não cai.

 

Se você a paparica

Ela fica.

 

Com librium ou sem librium

Salve, venusina

Que guarda o equilíbrio

Na corda mais fina.

 

 

                                                 Escorpião

 

                                                 Mulher de Escorpião

                                                 Comigo não!

                                                 É a Abelha Mestra

                                                 É a Viúva Negra

                                                 Só vai de vedete

                                                 Nunca de extra.

                                                 Cria o chamado conflito

                                                 de personalidades.

                                                 É mãe tirana

                                                 Mulher tirana

                                                 Irmã tirana

                                                 Filha tirana

                                                 Neta tirana.

                                                 tirana tirana.

                                                 Agora, de cama diz –

                                                 que é boa paca.

 

 

Sagitário

 

As mulheres sagitarianas

São abnegadas e bacanas.

Mas não lhe venham com grossuras

Nem injustiças ou censuras

Porque ela custa mas se esquenta

E pode ser muito violenta.

Aí, o homem que se cuide…

– Também, quem gosta de censura!

 

 

                                                 Capricórnio

 

                                                 A capricorniana é capricornial

                                                 Como a cabra de João Cabral.

                                                 Eu amo a mulher de Capricórnio

                                                  Porque ela nunca lhe põe os próprios.

 

                                                 A caprina é tão ciumenta

                                                 Que até os ciúmes ela inventa.

                                                 Mulher fiel está aí: é cabra

                                                 Só que com muito abracadabra.

 

                                                 Suas flores: a papoula e o cânhamo

                                                 De onde vêm o ópio e a maconha

                                                 Ela é uma curtição medonha

                                                 Por isso nos capricorniamos.

 

 

Aquário

 

Se o que se quer é a boa esposa

A aquariana pousa.

 

Se o que se quer é uma outra coisa

A aquariana ousa.

 

Se o que se quer é muito amor

A aquariana

É mulher macho sim senhor.

 

Porém não são possessivas

Nem procuram dominar

Ou são meigas e passivas

Ou botam para quebrar.

 

 

                                                 Peixes

 

                                                 Mulher de Peixe… peixe é

                                                 Em águas paradas não dá pé

                                                 Porque desliza como a enguia

                                                 Sempre que entra numa fria.

                                                 Na superfície é sinhazinha

                                                 E festiva como a sardinha

                                                 Mas quando fisga um namorado

                                                 Ele está frito, escabechado.

                                                 É uma mulher tão envolvente

                                                 Que na questão do Paraíso

                                                 Há quem suspeite seriamente

                                                 Que ela era a mulher e a serpente.

                                                 Seu Id: aparentar juízo

                                                  Seu Ego: a omissão, o orgulho

                                                 Sua pedra astral: a ametista

                                                 Seu bem: nunca ser bagulho

                                                 Sua cor: o amarelo brilhante

                                                 Seu fim: dar sempre na vista