Posts from janeiro, 2013

Edição Extraordinária

 

 

 

 réveillon 2

 

 

O infausto ano de 2012 foi marcado por grandes tragédias, como o tsunami corintiano no Japão, a derrocada dos verdes que se poluíram no Campeonato Brasileiro ― o evento mais importante do país, após o Carnaval ―, a condenação injusta e arbitrária dos réus do inexistente Mensalão, a reeleição do tirano Obama nos EUA, a famigerada “Primavera Árabe”, que provocou a queda de sublimes líderes que com tanto esforço e em pouquíssimo tempo de governo conduziam à grandeza aqueles pobres países, sem dizer da incomensurável decepção com o fiasco do fim do mundo em 21 de dezembro último e o frustrante adiamento para o longínquo ano de 2016 (imagina, depois da Copa!) da entrada em vigor do revigorante (Des)Acordo (T)Ortográfico.

No nosso deserto de homens e ideias, depois de Millôr Fernandes (esperava-se o dilúvio), Ivan Lessa, Chico Anysio, morreram de forma absolutamente incompreensível, na flor da idade e na plenitude da lucidez, outros ícones brasileiros como Oscar Niemeyer e Dona Canô, e até mesmo os jovens e promissores poetas Décio Pignatari e Lêdo Ivo!

Diante desse cenário dantesco, pouco se podia esperar e muito havia a temer da noite de réveillon.

Eis o resumo de alguns dos fatos lamentáveis apurados pelos nossos solertes repórteres de plantão.

Por volta da meia-noite, o pedreiro Pedro, depois de beber alguns copos de cerveja e de vinho “Chapinha” com amigos e parentes, empunhou a faca que havia afiado à tarde e avançou na direção de seu sogro, o idoso Fortunato, sentado à cabeceira. Entregou-lhe a arma branca para que ele destrinchasse o peru, morto de véspera depois de ingerir cachaça, enquanto os convivas, indiferentes ao ato insano, estouravam as rolhas de plástico de diversas garrafas de cidra e cantavam “Adeus ano velho, feliz ano novo…”.

Pouco antes, o estudante João Paulo, na companhia da namorada Maria da Graça, foi flagrado por mais uma “Operação Lei Seca” quando dirigia em baixa velocidade o veículo Gol, de propriedade da Paróquia de São Genaro. Submetido ao teste do bafômetro, confirmou-se que não havia ingerido bebida alcoólica, como afirmava. Depois de ser cumprimentado efusivamente pelos policiais, exibiu-lhes sua habilitação e os documentos do carro, esclarecendo que estava conduzindo o automotor que não lhe pertencia porque o Padre Carmelo, que se achava no banco traseiro, com o cinto de segurança atado, havia exagerado um pouco na dose de vinho no momento da Consagração na missa que acabara de rezar e lhe pedira para dirigir. O vigário, que ia cear e celebrar o noivado do jovem casal na residência dos pais de moça, confirmou integralmente a versão do rapaz.

Por último, na velha e ilustre casa do Dr. Pelópidas Azeredo Filho, sita na Rua das Acácias, o espoucar dos fogos de artifício acordou sua bisneta Manuela e irritou o cachorro da família que atende por “Neguinho”, denominação politicamente incorreta que lhe deram por causa da cor do seu pelo. Depois de sair na varanda e ladrar, protestando contra a barulheira, ainda maior com o soar dos sinos e das buzinas dos automóveis, o cão voltou para o interior da residência, saltou sobre Manuela e se pôs a lambê-la. Em seguida, a menina e o cachorro passaram a brincar e correr pelos cômodos, sem que os familiares nada fizessem.

Esperamos e desejamos a todos os leitores que o ano de 2013 que se inicia, apesar dos seus algarismos finais preocupantes (menos para o Zagallo), seja bem melhor do que o funesto 2012.