Posts from janeiro, 2013

A batida do João (e a canção do Brenno)

 

 

João Gilberto e a sua célebre batida no violão tornaram-se ícones da Bossa Nova. 

Também o jeito minimalista de João cantar é uma marca registrada da Bossa Nova.

Adoro a Bossa Nova, et pour cause João Gilberto. Divirto-me  com suas idiossincrasias lendárias que muitos criticam e não toleram.

Pois antes de João Gilberto (e não me refiro ao grande Mário Reis), na verdade contemporâneo dele, havia um cantor que fez muito sucesso e se tornou reconhecido sempre cantando baixinho, suave, gostoso como o quê. Faz parte daquele grupo que no início da década de 50 promoveu a transição dos compositores grandiloquentes e dos cantores de peito para o jeito intimista de cantar e compor.

Trata-se do mestre Tito Madi, nome artístico do filho de imigrantes libaneses Chauki Maddi, paulista de Pirajuí e que felizmente continua por aqui, na glória dos seus 83 anos.

Certa feita, João Gilberto pediu-lhe emprestado o violão, por achar que o som e a afinação eram melhores do que o dele. Empolgado, João queria ficar com o instrumento e como Tito não concordasse, quebrou-lhe o violão na cabeça. O ferimento deixou uma cicatriz permanente na testa de Tito Madi, que depois disso passou a dizer que ninguém conhecia tão bem quanto ele a batida de violão do João…

Brenno tem uma canção lindíssima, que durante muito tempo nos acalentou o sonho de que fosse gravada por Tito Madi. Chegamos a planejar várias maneiras mirabolantes de chegar até ele para lhe mostrar a música. Quem sabe ainda…

 

                                          DECERTO

 

 

 

Brenno 2

                                                                 Brenno Martins

 

 

 

                        Decerto

                        que o incerto

                        em meu mundo

                        se resume na frequência

                        da ausência de você.

 

                        Decerto

                        que a dúvida

                        em meu mundo

                        se baseia em meu silêncio

                        neste imenso não dizer.

 

                        Talvez

                        desta vez

                        eu não minta

                        eu não sinta

                        o medo

                        de me dizer

                        que eu te perdi

 

                        Mas como dizer

                        pra você

                        que eu te amei

                        que eu chorei

                        e bebi

                        e depois me perdi

                        e morri

                        sem dizer.

 

                        Transcrevo a letra de memória, cantarolando a melodia tão bela quanto (me corrija, Brenno, sem me quebrar o violão na cabeça…).