Adalberto de Oliveira Souza
PERFIL DO INSTANTE
Para a posse do amanhã,
é preciso improvisar
um canto retorcido,
uma carícia torturante.
Não se tem o tempo,
vasculham-se todos os tempos,
e simplesmente,
permanecemos.
Então,
levantamos do chão,
começamos uma festa
revolta,
báquica,
cabalística,
gregoriana,
labiríntica
e um circo é formado.
Trapezistas,
coristas com cavalos,
palhaços agrupados
e num passe de mágica
o mundo se recompõe.
Por isso,
aceita-se o momento
com o apego terno
e tênue
pois tudo se esvai
e nova providência
urge que se tome
porque o amanhã virá
implacável.
Nota da Redação: Um poema é tanto melhor tantas as leituras que enseja. Talvez não seja esse o dizer do poeta. Mas ao reencontrar o poema (do livro “Captura”, São Paulo, 1989, João Scortecci Editora) assim o reli e capturei, neste instante. Apenas um dos muitos perfis do instante.
Salut Gama,
passou-me pela cabeça nomear esse poema de carpe diem. Mas achei um pouco pretensioso ainda que Manuel Bandeira intitulou um dos dele de ubi sunt.
Calhou bem para uma terça-feira gorda.
Muito Grato.
Adalberto
Cada instante do tempo é precioso:
Com amigos ou com a mulher amada
É necessário aproveitá-lo o máximo possível
Vivendo-o intensamente, sim
Pois ele vai ficar na memória
E ao recordá-lo futuramente
Estará em meu coração.
Abraçaço.
Apego, desapego… aceitar o momento, porque tudo se esvai….
Esse poema resumiu todo meu estado de espírito atual….. Sábio Adalberto!!!
Prezado Gama
Sou uma pessoa muito crítica e cuidadosa com a leitura de um poema. O poema do Adalberto que tive a alegria de ler e relê-lo e vou ler novamente é um belo poema. Poesia que chamo, pretenciosamente, de poema-enredo. Te saudo Adalberto, em nome da poesia. E com minhas desculpas; nunca tinha lido a palavra “báquica” num poema, aliás, estou até em dúvida do seu conceito mas com certeza cabe no poema pelo sentido das palavras e dos versos. Vou bebe-las com os deuses…maravilha!!!!!!
Estrela Binária?! o que é isso, me explique. Gostei tanto que fiquei c/ inveja. Boa é claro.
Cara, va ter tesão de viver assim, no Deserto do Saara!!! Já li todos os poemas do seu livro Captura
recomendo p/ quem curte poesia, vamos ler gente, a leitura, aquieta nossos demônios do viver do dia-dia…
Eli, se você entrar na página “Por que Estrela Binária?”, clicando no cabeçalho, você encontrará uma resposta possível.
Pode haver outras, porém…
Passe sempre por aqui.
Um abraço.
Um belo poema-celebração, mestre Adalberto.
Urge capturar a vida em seus mistérios, gozos, labirintos e improvisos.
Que coisa boa, encontrar os poemas do Adalberto De Oliveira Souza aqui no blog.
Grande Adalberto, Lindo poema que enseja muitas leituras mesmo (cf. Nota da Redação). Mas um aspecto que me chama a atenção é que parece que estou te ouvindo quando faço a leitura. A sequência e o ritmo do poema é o teu jeito de conversar. Um abração. Arsenio
Belo poema! Maravilha… É coisa boa mesmo, encontrar os poemas do Adalberto De Oliveira Souza aqui.
Adalberto,
Há muitos anos li o “Camuflagem” e depois o “Captura”. Como foi bom reler esse lindo poema! Abraços.