Posts from fevereiro, 2013

Samambaias no porão (Tédio)

 

Brenno, pasmo com as belezas serranas

Brenno pasmo 

 

 

 

                                                                                                                                                     

 

Claudia, beleza serrana que pasma o Brenno

Cláudia Pereira

 

 

A graça  e a beleza de Luiza, que também pasmam

Luiza Pereira

 

Quando conheci Brenno, em priscas eras, ele criava galinhas no quintal da casa de sua irmã, Regina Célia.

Na ocasião, fiquei impressionado com a qualidade do pequeno galinheiro e do plantel das galináceas, todas nomeadas, catalogadas, com controle até mesmo dos ovos postos (ou não). Ele vendia a “produção” e o “lucro” na maioria das vezes era investido em discos, igualmente organizados e catalogados. Mas o que ressaltava, e sempre continuou assim, era o seu grande amor pelos bichos, seu jeito para lidar com eles e sua alma bucólica.

Não deu outra. Há anos que mora num sítio, cercado de cães, aves, bovinos e até de um jumentinho (que algum malvado lhe surrupiou).

De uns tempos para cá, Brenno anda enamorado de belezas serranas, que não se limitam à paisagem, fauna e flora.

Apesar de tantas belezas e da alma bucólica, o humano tédio às vezes bate, fruto talvez da licença poética para compor mais uma canção, em parceria outra que não a minha (muito melhor, aliás).

A gravação feita com celular não impede a fruição da delícia, mas não dei conta de convertê-la em áudio para postar antes, o que só consegui agora, com a ajuda de sempre do Saulo.

Poema, canção ou outra obra de arte não se explica. Cada qual sente e saboreia como lhe apetece, mas sempre sabe bem a crônica da criação:

 

“É uma espécie de rejeição ao bucólico e aspiração ao movimento.

Repudiando a acomodação e pretendendo o exercício.

Trocando o marasmo da paz pela instabilidade estimulante da aventura.

O quieto pelo agitado.

A mesmice do campo pela ebulição da cidade.

Às vezes cheirar fumaça de óleo diesel é mais desintoxicante do que respirar ares puros e monótonos.

Enfim, é uma apologia ao agito e uma crítica à calmaria.

A paz pacifica, mas se ressente da falta de acontecimentos.

 

Apesar de montanhosa, Serra Negra é uma cidade horizontal, em termos de cultura e evolução.

Sentar no sofá em uma tarde de domingo olhando pela janela cafezais e pinheirais é bonito…

mas entediante.

Sempre faz frio, não se pode usar “vestidos de alcinhas”.

Samambaias são lindas de se ver nas matas, mas se colhidas e guardadas (no “porão”?) perdem o viço.

Os peixes, em um lago de “Pesque-Pague” (lá perto tem um), ficam parados, esperando a morte chegar.

As pessoas (acomodadas em um sofá ou na sala de jantar) também.

 

A natureza pacifica o espírito, mas não o alimenta.

De repente, surge uma fome de novidades.

 

E quando “alguma coisa acontece” no coração…

sentamos no sofá olhando a paisagem pela janela.

Um uísque… um violão…

e nasceu essa canção.

 

P.S.: a gravação, rudimentar, foi feita pelo celular. E a Luiza é, sim, filha da Claudia.”

 

 

 

                              SAMAMBAIAS NO PORÃO (TÉDIO)

                              (Claudia / Brenno) Interpretação: Luiza

 

                              Sentada no sofá

                              Lá fora um cafezal que dá

                              Tédio

                              Tédio

                              Pé na estrada

 

                              Neil Young a rolar

                              Bomba H nesse lugar

                              Vestidos de alcinhas no alçapão

                              Samambaias no porão

 

                              Chega de peixe parado

                              no lago cercado

                              pra ser fisgado

 

                              Tédio

 

                              A poesia concreta de Caetano

                              quero inalar

                              O monóxido de carbono

                              quero respirar

 

                              Chega de peixe parado

                              no lago cercado

                              pra ser fisgado

 

                              Tédio

 

Samambaias no Porão