Nasce, em meio a forte temporal, na madrugada de 19 de outubro de 1913 , no antigo nº 114 (casa já demolida) da rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico, ao lado da chácara de seu avô materno, Antônio Burlamaqui dos Santos Cruz. São seus pais d. Lydia Cruz de Moraes e Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, este, sobrinho do poeta, cronista e folclorista Mello Moraes Filho e neto do historiador Alexandre José de Mello Moraes.
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“E assim pelo ciclo negro da pálida esfera através do tempo
Ao clarão imortal dos pássaros de fogo cruzando o céu noturno
As mulheres, aos gritos agudos da carne rompida de dentro
Iam se fecundando ao amor puríssimo do espaço.E às cores da manhã elas voltavam vagarosas
Pelas estradas frescas, através dos vastos bosques de pinheiros
E ao chegar, no feno onde o homem sereno inda dormia
Em preces rituais e cantos místicos velavam.Um dia mordiam-lhes o ventre, nas entranhas – entre raios de sol vinha tormenta…
Sofriam… e ao estridor dos elementos confundidos
Deitavam à terra o fruto maldito de cuja face transtornada
As primeiras e mais tristes lágrimas desciam.Tinha nascido o poeta. Sua face é bela, seu coração é trágico
Seu destino é atroz; ao triste materno beijo mudo e ausente
Ele parte! Busca ainda as viagens eternas da origem
Sonha ainda a música um dia ouvida em sua essência.
(“O nascimento do homem”, Vinicius de Moraes, excerto)
“Dele disse Carlos Drummond de Andrade: “Vinicius é o único poeta brasileiro que ousou viver sob o signo da paixão. Quer dizer, da poesia em estado natural”. Eu queria ter sido Vinicius de Moraes”. Otto Lara Resende assim o definiu: “Manuel Bandeira viveu e morreu com as raízes enterradas no Recife. João Cabral continua ligado à cana-de-açúcar. Drummond nunca deixou de ser mineiro. Vinicius é um poeta em paz com a sua cidade, o Rio. É o único poeta carioca”. Mas ele dizia nada mais ser que “um labirinto em busca de uma saída”.
Gama, fazendo essa belíssima homenagem em parceria com a Selma em homenagem ao Poetinha é que encerro minha semana com chave de ouro. Parabéns!
Abraçaço.
Antonio, que poema fantástico! Fui atrás de relê-lo na íntegra.
Obrigada por dividir a bela postagem com o Bloghetto, parceirinho!