Selma Barcellos
RECTIFICAR É PRECISO
Carta do leitor Abel Passos, da cidade do Porto, enviada para o jornal português “Diário de Notícias”:
Os Hiper e a língua portuguesa
“Não raras vezes as grandes superfícies, que basicamente comercializam produtos alimentares, surpreendem com erros de português nos escaparates […]. Falo concretamente de uma loja instalada num centro comercial da Senhora da Hora […]. Nessa loja, em duas palavras há três erros ortográficos: “brôa”, em vez de “broa” e “broculo”, em vez de “brócolo”. E nem atendem aos reparos, solicitando a rectificação, formalizados, há cerca de dois meses, em impressos. Em vão, até hoje!”
Que delícia… É isso aí, leitor. Carinho com o idioma. Gostamos nós e seu conterrâneo, o imenso Pessoa de “minha pátria é a língua portuguesa.”
Deixe estar, Sr. Abel, que se os problemas insolúveis se resumissem a chapeuzinhos e grampinhos roubados – sobretudo após a controversa reforma ortográfica -, nossas pátrias estariam salvas.
Vale um toque? Se o senhor, atento observador das normas da língua, cogitar ancorar sua caravela neste lado do oceano em que me encontro, mantenha distância dos improvisos presidenciais, falas e blogues de candidatos, livros de senadores, cartilhas didáticas distribuídas, exames nacionais… Ou considere a possibilidade de passar a estada enviando cartas. Está feia a coisa, caro Abel. Como apanha a última flor do Lácio…
E apareça, se lhe aprouver. A blogueira adora uma prosa lusa. Bastante trazer um vinho do seu Porto. Eu entro com as broas de Minas.
“Orora Analfabeta” (Gordurinha / Nascimento Gomes) com Jards Macalé
Selma, eu procuro sempre ter um rigor estilístico com a “última flor do Lácio, inculta e bela”, falando e escrevendo um português irrepreensível, pois acho muito ruim ouvir ou ler um português mal falado ou escrito.
Vícios de linguagem à parte, se você me convidar para uma prosa lusa, aceitarei a sugestão, com certeza. Vamos saborear um vinho do Porto acompanhado de um bacalhau e um pastel de Belém ao som de um fado.
Beijoca!
Depois, ‘pierrot bêbedo’, pegamos o comboio Tejo afora. No céu, ‘só a lua alva branqueia e clareia’ …
Obrigada, André. Você é um gentleman.