Vampiros nossos de cada dia

 

 

Dois animais, por asquerosos e irritantes, tiram-me do sério.

Um é o morcego, esse rato alado que, Bolsa Amêndoa garantida, se instala com a família nas árvores em torno de casa. Mal o sol se põe, eles batem ponto, obrigam-me a recolher os brinquedos e a chispar do jardim. O mais velho deles, imenso, sente-se posseiro, e toda santa tardinha faz o mesmo percurso: rasante na piscina, sobrevoada de inspeção na varanda, e lá se vai farfalhante, feliz da vida por me azucrinar e desconcentrar da leitura.

Dia desses, sozinha em casa, no computador do quarto, senti algo passar muito rápido por trás de mim. Só deu tempo de agarrar o celular, me trancar no closet, telefonar para os gêneros masculinos, pedir que encontrassem a criatura viva ou morta e me resgatassem dali. Sufoco.

O outro animal é o político, esse vampiro dos cofres públicos que, Bolsa Cretinice garantida, se instala nas árvores frondosas com seus acólitos (entre outras morcegadas). Incapaz de solucionar nossos graves problemas, também nos obriga a abandonar o jardim. Afinal, não se brinca com voo rasante de balas perdidas. Coincidente é que o mais graúdo deles, o “cara” do morcegal, também se acha posseiro e sai atropelando tudo.

Para minimizar o assédio dos morcegos do jardim, basta podar alguns galhos das amendoeiras. Solução simples, embora temporária.

Quanto às outras criaturas horripilantes, está mais complicado, sem prazo. Padecendo de terrível mutação, pululam feito bactéria. Crescem-lhes multiformes caras, feitas do mesmo barro, quase lama. E estão podres os galhos. Todos.

 

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