Soneto seiocentista

 

 

 

 seio

 

 

                                                A que sabe o seio?

                                                O seio a tudo sabe

                                                doce de leite

                                                doce deleite.

 

                                                A que veio o seio?

                                                O seio é o veio de tudo

                                                tez de veludo

                                                remanso agudo.

 

                                                O seio é puro anseio

                                                do menino que quer vê-lo

                                                da sina da menina ser mulher.

 

                                                Teu seio em minha mão

                                                não é só o seio-ideia de Platão,

                                                é o mundo todo que sabia, não sei e sei-o.

 

 

 

9 comentários

  1. sonia kahawach
    17/01/13 at 12:10

    Leio, leio de novo…. me encanto com a forma como escreve. Bjs

    • Antonio Carlos A. Gama
      17/01/13 at 13:06

      Sonia, minha querida, você que é só ternura em tudo que faz, escreve e divide.
      Eu continuo dando caneladas…

      Mil beijos!

  2. 17/01/13 at 12:50

    Lindo Antonio Carlos. Um presente delicado e belo. Você é um ótimo escritor, mas mês encanta sobremaneira a sensibilidade de suas poesias, a riqueza das rimas, a precisão dos versos. Espero que logo nos brinde com um livro.

    • Antonio Carlos A. Gama
      17/01/13 at 13:03

      Tá no forno, Érika…
      Você também tem me encantado com o seu blog.
      Um beijo.

  3. André
    17/01/13 at 13:58

    Um inspiradíssimo Tom Gama… com vc eu tomei o gosto de escrever poesia, além de ter sido importantíssimo na formação da minha sensibilidade, mas eu sempre gostei de poesia e literatura.
    O soneto tem 14 versos (2 quartetos – estrofes de 4 versos e 2 tercetos – estrofes de 3 versos; 2 quartetos e um dístico – estrofe de 2 versos ou uma única estrofe).
    Alguns dos grandes nomes do soneto em língua portuguesa são: Olavo Bilac (última Flor do Lácio, inculta e bela), Cláudio Manuel da Costa, Cruz e Sousa (vozes veladas, veludosas vozes), Manuel Maria Du Bocage, Augusto dos Anjos, Antero de Quental e Florbela Espanca, além dos mestres Vinícius e Camões.
    Abraçaço.

    • Antonio Carlos A. Gama
      17/01/13 at 14:54

      Pois é André, ando subvertendo as regras do soneto, com versos livres, rimas internas e outras travessuras, mantendo apenas os dois quartetos e os dois tercetos.

      Há também o soneto inglês, com três quadras (muitas vezes agrupadas) e um dístico destacado, ou ainda, três tercetos e um dístico (onze versos apenas). Shakespeare também andou ousando (nem pensar em alguma comparação com minhas “malasartes”…) escrevendo por vezes apenas um quarteto e um dístico.

      Os Dois Irmãos sempre me pareceram um par de seios, daí a canção…

  4. 17/01/13 at 21:38

    Que poemaço, Antonio! 
    Beijocas!

  5. Paulinho Lima
    18/01/13 at 0:54

     
    beleza de poema e me fez lembrar Drummond com sua  “Bunda , que Engraçada”.
    “(…)Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
    na carícia de ser e balançar
    Esferas harmoniosas sobre o caos.
    A bunda é a bunda
    redunda”
    e viva o Gama, que sei(o) poeta que é mas que de seio, sei.

  6. Brenno
    21/01/13 at 15:43

    Permitam-me os circunstantes que, infelizmente atrasado, transcreva aqui a letra de uma canção (da mesma lavra que produziu esse precioso soneto):
    ÊXTASE
    Ah, eu quero o seu amor inteiro
    Ah, eu quero ter você inteira
    Sem receio ou restrição
    Sem pecado e proibição
    Que o amor quando é demais
    Sõ encontra paz
    Se houver algo mais
    Que simples contemplação
     
    Ah eu quero sentir a vida
    despertar nessa paixão
    e vai ser como ter o mundo
    Ter seu seio em minha mão.
     
    Vou explorar seu corpo nu
    Vou me perder pra te encontrar
    E afinal num doce orgasmo
    Eu vou morrer de tanto amar.

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