Posts from março, 2013

Um caminho para o céu (antes do avião)

 

 

              Nicolas Sauvage

Nicolas e família

 

 

 

 

 

 

 

Este poema e o anterior “Esperança” (aqui) de Nicolas Sauvage foi escrito para uma exposição “L`art au défi de l`esperance”, que foi realizada em janeiro de 2013 na Prefeitura do VI Distrito de Paris com a colaboração do artista plástico Eric Michel, com a intenção de fazer um livro objeto. Como veem, há um teor místico.

 

 

un chemin vers le ciel (avant l’avion)

 

quand j’étais enfant sur les petites routes de campagne

à vélo je me souviens de rouler sous le plafond nuageux

les rayons du soleil traversaient de biais une grande trouée

la lumière se posait en oblique comme la main de Dieu

que l’on voit dans les tableaux sombres à l’interieur des églises

 

rouler

ne pas penser à toi

penser en toi

 

rouler

me coucher avec toi m’allonger en toi

dormir avec toi dormir en toi

 

rouler

me réveiller contre toi

en toi éveillé

 

penser en toi sur cette route de campagne et garder l’équilibre

à vélo sous le plafond nuageux et

la lumière du soleil fait une échelle posée là pour aller au ciel

est-ce une main trop large à serrer trop claire à regarder

 

Nicolas Sauvage

 

bicicleta 4 (3)

 

um caminho para o céu (antes do avião)

 

quando criança nas pequenas estradas do campo

de bicicleta me lembro andar sob o céu escuro

os raios de sol atravessavam em viés uma grande brecha

a luz se punha obliquamente como a mão de Deus

que a gente via nos quadros sombrios no interior das igrejas

 

pedalar

não pensar em você

pensar em você

 

pedalar

deitar-me com você me estender com você

dormir com você dormir em você

 

pedalar

despertar contra você

em você desperto

 

pensar em você nessa estrada do campo e manter o equilíbrio

na bicicleta sob o céu escuro

a luz do sol coloca ali uma escada para ir para o céu

é uma mão tão grande para apertar e clara demais para olhar

 

 

Tradução de Adalberto de Oliveira Souza

 

 

 

 

 

Música em estado puro

(para a poesia em estado puro de Nicolas Sauvage) 

 

 

“Bicicleta” (Zé Renato), Boca Livre

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