Aos sessenta, que maldizem de melhor idade,
o homem se senta na cadeira de balanço
e se abalança a fazer um balanço:
o futuro caducou.
Restam-lhe o passado e o presente,
sobretudo aquele de quando somava
menos quarenta, que se não se engana
dá vinte (o que é quase um acinte).
Aos vinte, o homem não se senta
anda por todo lado e fala pelos cotovelos,
sem tempo de ser ouvinte.
Aos sessenta, quando é todo ouvidos,
se sente meio surdo de tudo
e lhe zumbem todos os olvidos.